segunda-feira, 5 de novembro de 2007

DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS NA ÓTICA DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA PARTE 1

OS CINCO ELEMENTOS E A PSICOSSOMÁTICA:

Os cinco elementos têm uma utilidade essencial em acupuntura, é aquela que interessa ao nosso propósito, pois os cinco elementos servem para classificar os tipos humanos em constituições. Posto que tudo o que se acha no cosmos se encontra nos seres humanos, a partir do momento em que se podem classificar todos os fenômenos em cinco elementos, podem-se classificar também os seres humanos do mesmo modo.

O texto antigo do Nei Jing exprime claramente de modo completo: "Os cinco reinos ou cinco elementos, a Madeira, o Fogo, a Terra, o Metal e a Água incluem todos os fenômenos da natureza, é um simbolismo que se aplica também ao homem." (Gola2000)






MEDICINA CHINESA



Assim como a língua chinesa é simbólica, a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) também o é. Há três mil anos, não havia na China microscópios que detectassem vírus ou bactérias, mas já se descrevia a entrada de agentes "perversos" externos, causadores de doenças, como a invasão de um "vento", que poderia ser um vento-frio ou um vento-calor, dependendo dos sintomas que surgissem. Também não havia a possibilidade de se classificar as doenças da forma que os ocidentais fazem hoje como, por exemplo, em hipertensão arterial sistêmica, artrite reumatóide, depressão, etc. Então, recorreu-se mais uma vez aos símbolos. Os padrões de funcionamento do corpo, assim como as doenças, foram agrupados em torno de cinco elementos que são: Água, Madeira, Fogo, Terra e Metal. Cada um representa mais do que a si próprio; um elemento representa um símbolo, que reúne, em si, vários significados e diferen­tes interpretações.
Além dos cinco elementos, a MTC dispõe de oito princípios: Yin e Yang, profundo e Superficial, Deficiente (ou Vazio) e Plenitude (ou Excesso), Frio e Calor. As interações entre os cinco elementos e os oito princípios resultam em um grande número de quadros clínicos, síndromes e diagnósticos possíveis.
Um diagnóstico ou um padrão descrito de acordo com a terminologia da MTC, pode parecer estranho aos ouvidos ocidentais como, por exemplo, "os rins produzem a medula óssea". A leitura e a interpretação dessa frase é simbólica e não literal. Longe de ser ultrapassada ou simplesmente mística, a linguagem da MTC pode ser atualizada e com­preendida. Em algumas situações, parece até que os antigos chineses foram visionários. Hoje, sabe-se que a eritropoietina, hormônio responsável pela maturação dos glóbulos vermelhos, é produzido pelos rins, ou seja, existe realmente alguma ligação entre os rins e o sangue produzido na medula óssea. Mas nem todos os paralelos estabelecidos na MTC podem ser verificados a luz da Medicina Moderna. Usam-se, então, os cinco elementos descritos como padrões de agrupamento e repetições, como os "arquétipos" que aglutinam em si valores, elementos psíquicos, imagens.
Antes, porém, de surgirem os cinco elementos, os oito princípios e os padrões complexos de interação entre eles, a MTC baseou-se na teoria do Yin e do Yang.



QUANDO E PARA QUE USAR O SÍMBOLO?



O símbolo é um mapa, um caminho em direção ao self: é vivo e ativo; causa sensações, sentimentos e associações. Ao deparar-se com um símbolo, seja em um sonho ou em uma doença ou em um objeto de arte, o indivíduo pode explorar o significado desse símbolo, que não será completamente compreendido e assimilado pelo seu consciente, por ter uma raiz misteriosa que fica imersa no inconsciente. Se o símbolo for completamente revelado, perderá sua força simbólica e será substituído por outro, que atinja o mundo obscuro e profundo da psique. Quando, por outro lado, o símbolo não é reconhecido como tal e adquire um aspecto autônomo, poderoso e mágico, torna-se dissociado do seu sentido adquirindo o status de alu­cinação, delírio ou vivência psicótica.
A própria psique está sempre formando novos símbolos para fazer fluir a libido, a energia psíquica e física, o Qi. Os símbolos orientam a direção da energia.
A interpretação dos símbolos deve ser feita paralelamente no âmbito pessoal e coletivo, lembrando que, como o próprio símbolo é movimento, poderá sofrer mudanças de sentido ao longo do tempo. À medida que seus mistérios são desvendados, o símbolo pode adquirir novas dimensões. Segundo Jolande Jacobi,52 o símbolo só é vivo se estiver "prenhe" de significados.
No processo de individuação, que é o caminho pelo qual a pessoa se torna aquilo que realmente é, o indivíduo tem, no símbolo, um mapa que pode orientá-lo na busca da sintonia com sua essência individual.
Estudar Medicina Chinesa é entrar no mundo dos símbolos. "No princípio era o Tao", o todo indivisível, o uno, o caminho que se divide em Yin e Yang. Yin e Yang nada mais são que polaridades, aspectos diferentes opostos e complementares do Tao. São partes do símbolo representativo do todo (do Tao), que está dividido em duas metades. Esquerda e direita; femi­nino, masculino; dia e noite; ativo e receptivo; terra e céu; e assim por diante. Esta é a primeira subdivisão de um símbolo, que significa o todo.
Novas subdivisões levam aos cinco elementos ou símbolos (Água, Madeira, Fogo, Terra e Metal). A teoria dos cinco elementos agrupa características em torno de cada um deles e classi­fica o funcionamento do organismo de maneira bastante peculiar Ao mesmo tempo em que separa órgãos. sintomas e funções, também os relaciona, uma vez que cada elemento depende do outro para sua criação e controle. Tem-se a figura de um universo mais complexo e subdividido que o todo indiferenciado inicial, mas que jamais prescinde da ligação entre as partes.
Cada elemento possui características definidas e conhecidas, todo acupunturista sabe que, ao elemento Água, por exemplo, relacionam-se os Rins, a Bexiga, a sexualidade, a herança genética, os ossos, o cérebro e assim por diante. Mas o que poucos sabem é que cada um desses elementos tem, ainda, muitas outras implicações simbólicas. Intuitivamente, sabe-se que a Água é o símbolo do mar, onde se fez o caldo da vida (os primeiros seres do planeta Terra surgiram na água), que é também o símbolo do batismo, da purificação e muito mais. Mas que importância isso pode ter para o paciente que se queixa de uma doença nos rins?
Os Rins são os órgãos responsáveis pela purificação do sangue. Sabe-se que uma doença renal leva, muitas vezes, à impossibilidade de realizar essa função. Do ponto de vista psicológico, qual é a purificação que precisa ser feita? Quais as impurezas que se acumulam no corpo e na mente? Ao considerar o corpo indivisível da psique, pode-se começar a achar algumas saídas para os problemas, doenças e sofrimentos trazidos pelos pacientes. Nesse sentido, ao tratar de alguém com doença renal, além da abordagem médica tradicional, o profissional pode questionar-se sobre o que a psique dessa pessoa está precisando.
Ver a questão sob esse ângulo é ir ao encontro dos significados mais profundos da vida de cada um. Olhar para uma doença incapacitante como meio de evolução, pela própria incapaci­dade e pelas situações que ela provoca, torna o caminho de cada um menos árduo e estéril. A vida é criativa, oferece sempre novas expressões e direções.
A importância dos vários aspectos simbólicos de cada elemento é abrir possibilidades de associações, ampliarem o espectro de consciência, a fim de abranger vários significados possí­veis para um mesmo elemento. Ampliar é a palavra chave. A Medicina Ocidental analisa e reduz, observa uma doença dissecando-a, separando-a em partes menores para que o entendimento seja minucioso. Esse é um passo importante, mas, atendo-se apenas a ele, perde-se a noção do conjunto. A Medicina Chinesa propõe uni olhar sob o prisma do conjunto.
Na tentativa de ajudar ainda mais a encontrar novos significados simbólicos para cada uni dos cinco elementos da MTC, os capítulos seguintes incluem uma grande lista de símbolos e associações possíveis, (Campligia2004)

Dr. Oswaldo José Gola
Teólogo, Psicanalista, Acupunturista, Fisioterapeuta, Especialista em Medicina Tradicional Chinesa pela Third School of Clinical Medicine Beijing Medical University, 1995, 1997, 2001, 2005.

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bem vindo Gola
Ótimo artigo.
Vou aprender e fazer a agenda conforme combinamos.
Não pare não. Continue postando
bjs.
beth

Carlos Marinheiro disse...

Olá meu aluno, e agora meu professor Gola.
Agradecemos a contribuição.

Unknown disse...

Gostei muito do Artigo! Bastante esclarecedor e oferece uma reflexão fantástica sobre a medicina oriental.
Muito obrigada!

Anônimo disse...

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